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Cantautor Claudio Agá apresenta “Lugar de Fala”, seu 11º álbum de carreira

Foto do escritor: Redação do Música BoaRedação do Música Boa

Não é correto dizer que “Lugar de Fala”, o novo álbum de Claudio Agá, lançado nas plataformas nesse 17 de janeiro de 2025, traz as novas canções do cantor e compositor.


As 13 músicas do disco foram compostas entre 2017 e 2019, na pré-pandemia, e talvez ou também por isso jamais haviam sido registradas em estúdio e lançadas no streaming. Como nos trabalhos anteriores, Agá optou por gravar em casa, ele, violão e alguns poucos instrumentos, resultando numa sonoridade “low-fi”, rústica, mas bem próxima da forma como nasceu cada música. A canção como ela é. “Mesmo sem alcançar a qualidade técnica comum no mercado, tenho me sentido mais satisfeito com o resultado final das gravações caseiras dos meus discos recentes do que com alguns registros anteriores, com maior refinamento sonoro”, diz o artista.


É fácil reconhecer semelhança – seja em temática, estilo, som... – entre as composições de “Lugar de Fala” e as 12 faixas do álbum “Eu & Eu”, lançado em 2022, ou as 3 do single “Esse Tal de Brasil”, de 2023. “São músicas da mesma época, daquele momento difícil que passamos, tenso, da polarização política, depois o confinamento...”, contextua o autor. “A pandemia me levou a pular, ou seja, não gravar esta leva de canções entre 2017 e 2019. Isso me incomodava. Decidi e consegui cumprir essa obrigação comigo mesmo e com quem curte o meu trabalho”, acrescenta.


Como a maioria das canções dos outros álbuns que integram a trilogia “Lugar de Fala”, o nome já sugere, é marcado por crônicas e temáticas sociais e políticas do Brasil e do mundo contemporâneos. Seja a legitimidade da voz em questões de preconceito, na faixa-título (“Lugar de Fala”), o medo e a violência urbana (em “Preste Atenção”) ou a polarização política (em “Pau que Bate em Chico” e “Humanos Direitos”). Ou ainda ao tratar dos estereótipos sobre brasileiros do Nordeste (“Nem Paraíba e Nem Baiano”) ou retratar as relações sociais de hoje na favela e entre as comunidades e o asfalto (“O Morro Mudou” e “Foguetório”).


A rotina profissional e desafiadora nas mulheres (“Rê”), as dificuldades das populações vulneráveis de periferia (“Caixa-prego”) e o cinismo na glorificação da beleza negra (“Regra Geral”) são outras visões, entre ácidas e irônicas, da vida nos dias de hoje, em que somos levados seguidamente a sensações de estresse, insegurança e loucura, musicadas e letradas em “Sacode”, “Sinuca de Bico” e “Lé-com-cré”.


Todas as canções são de autoria de Claudio Agá, com exceção de “Rê”, parceria com o também compositor carioca Luis Carlinhos – com quem já fez outras músicas, como “Escapulário” e boa parte do repertório do projeto infantil “Macatchula”. As edições e mixagens foram feitas pelo próprio artista em seu estúdio caseiro, a partir de gravações originais captadas à época (2017 a 2019) por aplicativos de telefone celular, e com inserções de novas vozes e novos violões registrados em 2024.


Em março do ano passado, Agá lançou um trabalho fora dessa linha crítica – ou ‘pandêmica’: “Pra Não Dizer que Não Falei de Amores”, reunindo 13 canções românticas e inéditas. “Com ‘Lugar de Fala’, dou por encerrado o registro desta fase de composições ‘filhas da pandemia’, embora ainda tenha muitas músicas guardadas feitas no período”, conta. “Mas já me sinto à vontade, comigo mesmo, para lançar álbuns com minhas canções mais recentes”, antecipa. Ou seja: em 2025, com certeza, teremos mais Claudio Agá.

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