Após três anos de lançamentos, a Daparte retorna à cena com "Baterias de Emergência", terceiro álbum de estúdio do grupo mineiro, integrado por dez faixas e capa assinada pela fotógrafa Rafa Urbanin.
A demora para um novo lançamento não foi à toa. Durante este período, os integrantes acumularam composições e selecionaram uma parte delas quando entraram em estúdio. Os temas abordados pelos integrantes, individualmente se coincidiam,
"Foi um disco que demorou um pouquinho pra gente levar pro estúdio. De 2021 até 2024, aconteceram milhares de coisas. Eu acho que nesse meio tempo todo, a gente foi colecionando essas composições. Quando fomos escolher o repertório do disco, a gente tinha 17 músicas pra fazer um disco de dez. Pra escolher, a gente foi selecionando com base numa história que a gente queria contar. Então todas as coisas que permeavam esses temas urbanos, relacionamentos com as pessoas e observações dos outros e de si mesmo", afirma o guitarrista e vocalista.
Formado pelos músicos Juliano Rosa, João Ferreira, Daniel Crase, Túlio Lima e Bernardo Cipriano, a Daparte contou com a participação de Ana Caetano, do duo Anavitória na faixa "Belo Horizonte", que recebeu clipe com estética setentista.
"Belo Horizonte foi uma música que teve várias versões. A primeira vez que eu mostrei para os meninos, ela era uma versão inicial, meio voz e violão, que não bateu tanto. Depois a gente mudou e mexeu nela, mudamos o arranjo e chegamos nessas cordas. Um dia que eu tava na casa da Ana e ela tava mostrando umas coisas dela e eu mostrei essa música pra ela, dentre outros do disco que já estavam meio encaminhadas. Ela amou essa música e já pegou muita viagem. Como ela já tinha demonstrado esse gosto pela música e a gente tava bem próximo sugerei com os meninos e achamos legal a ideia de convidar ela. Na hora ela já aceitou", completou Ferreira.
O grupo mineiro se inspirou em grandes nomes do estado para compor sua própria identidade, principalmente em relação à interpretação. O espelho da música mineira se reflete até mesmo no nome escolhido para a banda.
"O nome da nossa banda é uma homenagem ao Clube da Esquina, porque Daparte era um apelido que eles chamavam nas rodas de violão que eles faziam. Cada um ali se chamava de Daparte. Era um apelido interno. Eu como vocalista, sempre achei muito legal quando o Clube da Esquina ou os artistas individualmente, nos seus discos de solos, colocavam um voz de mulher na interpretação do vocal, sabe? O Lô tinha muito isso, o Flávio e o Beto também. O Milton, ele tem aquela voz mais marcante assim, masculina, grave, mas ele falava que a sua ideia era cantar com voz de mulher. Nesse disco eu particularmente quis levar isso pro meu vocal, em algumas músicas", afirmou Rosa, que também é vocalista e guitarrista do grupo.
Juliano Rosa é filho de Samuel Rosa, nacionalmente conhecido pelo sucesso com o grupo Skank. O pai opinava sobre as canções da Daparte no início da carreira, o que, segundo Juliano, deixou de ser frequente.
"Eu já mostrei mais. Hoje eu mostro tanto, porque no começo da banda, quando eu comecei minha carreira na música, eu levava muito a opinião dele em conta. Depois de uma certa idade eu comecei a perceber que a opinião dele valia pra mim, mas que a gente se divergia e tal. Super normal isso. Até hoje eu levo a opinião dele em conta, mas às vezes, pra não obuscar o meu processo e eu não perder confiança, eu prefiro mostrar pra ele quando já está pronto. Já tem um tempo que eu faço assim, acho que desde o nosso segundo disco. A opinião dele sempre é um peso impactante, acho que o mais importante é a gente se identificar com a nossa arte, com o que a gente faz, com as nossas convicções sobre o mundo e sobre a música também. Apesar de a gente ter gostos temelhantes, a gente às vezes pensa diferente, faz coisas diferentes. Mas ele é um grande parceiro", finaliza.
A Daparte se apresenta nesta terça-feira no Sesc Palladium, em Belo Horizonte (MG) e fechará a sequência de shows no dia 01 de dezembro, no Agyto, no Rio de Janeiro (RJ).