Nesta quinta-feira (03), a cantora IZA lançou "AFRODITH", o segundo álbum de sua carreira. Se inspirando em produções audiovisuais, como Cocoon, Steven Universe e Splash - Uma Sereia em Minha Vida, IZA criou um ser, descrito por ela como “meio esquisito”, que periodicamente retorna a Terra em diferentes versões, e na atual, retornou como a artista.
Evocando o misticismo, a deusa, como descrito no prólogo do álbum, surge de forma intraterreste, no seio do planeta, e vem ao mundo experienciar as formas do amor. Essas experiências amorosas, “vividas por AFRODITH”, como o amor próprio, a conquista e o término, são exploradas no decorrer do álbum. Fazendo jus a temática romântica, embora a grafia seja diferente, a pronúncia do nome do álbum também faz referência à deusa grega do amor e da beleza, Afrodite. Associar Afrodite à IZA também atribui a cantora os valores da deusa, exaltando assim, a negritude.
O álbum tem 13 faixas, e seis delas têm participações. O disco explora diferentes gêneros musicais, desde R&B, rap e até funk, seguindo os estilos que IZA costuma escutar. No entanto, mesmo que a mescla de gêneros não tenha sido planejada, a combinação natural compreende com a percussão do gênero afrobeat, que IZA define como a essência da música preta, e que pelas semelhanças gráficas e sonoras, também influenciou o nome AFRODITH.
Embora o primeiro álbum da artista seja chamado “Dona de Mim”, para a cantora o lançamento é o disco mais feminino e mais autêntico da carreira, especialmente por conseguir abordar temas que anteriormente ela não se sentia confortável para falar, por exemplo, o sexo, que é descrito abertamente na canção “Exclusiva”. Me reencontrei como artista”, disse IZA. Para a construção do álbum, IZA trabalhou com diversas mulheres, que compartilhando experiências permitiram que a artista interpretasse de diferentes panoramas situações pessoais, que também aconteceram com as parceiras de trabalho.
Uma dessas parceiras acontece na canção “Boombasstic”, feat. com King, na qual as compositoras criaram uma atmosfera de um baile dançante imaginando amigas bêbadas saindo de uma balada. O disco também conta com a participação de Mc Carol em “Fé nas Maluca”, lançada como single, e da nigeriana Tiwa Savage em “Bonzão”. Mesmo com a predominância feminina, IZA trabalhou com artistas do sexo oposto. É em “Mega da Virada”, faixa mais festiva do álbum que o vocalista do BaianaSystem, Russo Passapusso, marca presença e endossa o reggae invocado pela cantora. Já em “Fiu-Fiu”, o trap de L7nnon, em conjunto com o beat de Papatinho, constrói um jogo de conquista, que demonstra a naturalidade com que os jovens lidam com o sexo.
Por fim, o flow de Djonga completa um R&B romântico que, sugerindo segundas intenções, relata a colaboração musical e o envolvimento amoroso de artistas que trabalham juntos.
Além disso, uma das concepções expressas pelo disco é revelada na faixa “Que Se Vá”. Na canção, IZA se inspira em um momento de virada de chave proporcionado pela fé. “Nunca imaginei que eu que cantei “Brisa” ia cantar “fé para enfrentar esses filhas da puta”, disse a artista. Assim, embora existam limitações mercadológicas e receios diante da reação do público, IZA mudou a perspectiva sobre a forma como fazia a sua arte, se preocupando menos se outro irá compreender e se desprendendo da obrigatoriedade de agradar.
O show do The Town será o que contará a história do álbum. Porém, por ser um festival, a apresentação sofrerá adaptações para que músicas mais famosas também sejam interpretadas.