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Foto do escritorGuilherme Moro

Milton Guedes: conheça um dos maiores artistas do país, que agora retoma a carreira como cantor

Por trás de grandes sucessos da música nacional como “Baby, Eu Já Sabia” e “A Gente Dá Certo”, de Sandy e Junior, “Jeito Sexy” de Fat Family, “Não tô pronta pra perdoar”, de Wanessa e tantos outros, está Milton Guedes.


Foto: Marcos Vieira

A carreira do músico, que se tornou conhecido nacionalmente, principalmente, por seu talento como saxofonista, mas que também é cantor, compositor e multi-instrumentista, começou como cantor aos 15 anos, paixão que ele resgatou nos últimos anos, e já o levou ao topo das paradas brasileiras na década de 1990, com o hit "Sonho de Uma Noite de Verão". Atualmente, ele viaja o Brasil com uma apresentação especial que tem o nome de “MILTON GUEDES MASHUP”, e é o primeiro show de mashups ao vivo do país. Uma experiência única que mistura músicas nacionais e internacionais de artistas como Tim Maia, Djavan, Michael Jackson e Stevie Wonder, criando uma atmosfera contagiante e inesquecível. Mas por trás de tantos hits e shows pelo Brasil, está uma das trajetórias mais ricas da música nacional. Em entrevista exclusiva ao Música Boa, no início da pandemia, ainda em 2020, Milton Guedes passou a limpo toda sua carreira. O site te convida a fazer uma viagem no tempo e conhecer a história de um dos maiores músicos do pop brasileiro. Início da trajetória Nascido em Brasília, Milton cresceu cercado por música. Sua irmã, Fátima Guedes, tinha especificidade para a MPB, enquanto seu irmão, Marco Guedes, era baterista e um entusiasta do rock. Apesar dessa convivência musical, Milton começou a tocar relativamente tarde, aos 18 anos. Até então, sua maior paixão era o skate, esporte no qual chegou a ganhar campeonatos e integrar uma equipe patrocinada pela Pepsi. A virada para a música veio por influência de um saxofonista vizinho, o maestro João Batista, que o incentivou a ter aulas de saxofone. Foi paixão à primeira vista, e Milton passou a se dedicar ao instrumento com e logo formou a banda Pôr do Sol, na década de 1980.


- A banda Pôr do Sol foi idealizada por meu primo, Guilherme Lassance. Ele já tocava nos festivais da cidade, amava os Beatles e os grupos vocais. Na época, éramos fascinados pelo Boca Livre e Roupa Nova. Formamos uma banda com amigos e meu irmão na bateria para criarmos nossas canções. Após dois anos, a banda se transformou com a saída do meu primo e com uma nova formação mais pop-rock fomos convidados para gravar um compacto pela BMG-Ariola, que era um selo importante. Fomos ao Rio fazer uma audição na gravadora e eles acabaram escolhendo duas músicas, compostas por mim para o lançamento de um compacto "Pro Que Der e Vier" e "Um Dia Melhor". Eu tinha acabado de aprender a tocar sax, e foi tudo muito inusitado e rápido - relembra.


A primeira grande oportunidade


Em 1986, Milton fazia apresentações solo em barzinhos de Brasília, quando foi descoberto por Oswaldo Montenegro. O cantor e compositor foi escolhido para integrar seu novo projeto no Rio de Janeiro. Apesar da decisão repentina, Milton aceitou o desafio e mudou-se para a cidade, iniciando uma parceria que resultou em diversas gravações e espetáculos marcantes. Entre elas, destaca-se "Lua e Flor", que se tornou trilha sonora de uma novela global e abriu muitas portas para Milton. - Ele me convidou para um papo em sua casa sobre sua nova peça teatral e disse que eu me encaixaria super bem no projeto, mas que precisava que eu fosse para o Rio de Janeiro. No dia seguinte, durante esta reunião, eu estava bem empolgado pois Oswaldo já era bem famoso. O pai dele, que era seu produtor, me estendeu uma passagem aérea dizendo que na segunda feira (isto foi no sábado), eu iria para o primeiro ensaio no Rio. Fiquei assustado, pois trabalhava num banco e não estava preparado para algo tão inusitado. Oswaldo me olhou e disse : “não pensa. Diga sim e vamos!”. Foi assim que tudo começou - recorda o saxofonista.




Em sua mudança para o Rio de Janeiro, o artista fez muitos amigos no mundo da música. Uma dessas amizades nasceu com os integrantes da banda Central Africana. Acompanhando os colegas em uma gravação de disco no estúdio da RCA, em 1988, Lulu Santo viu o brasiliense tocando na sala ao lado da que gravava o disco que continha o sucesso "Toda Forma de Amor". Ali nasceu uma parceria que durou uma década em cima dos palcos. - Ele me abordou e perguntou se eu conhecia seu trabalho. Eu ri, já que Lulu já era bem conhecido na época. Trocamos telefone e esperei por quase um mês um telefonema que acabou não vindo. Achei normal, já que eu não era conhecido. Eu me apresentava num bar do Leblon, o Gig Saladas. Ao fim do show, veio um cara falar comigo: era Paul de Castro, guitarrista da banda do Lulu, dizendo que ele havia perdido meu telefone e que era uma sorte estarmos ali naquele momento. No outro dia, Lulu me telefonou e marcou uma audição, onde eu cantei várias de suas músicas. Foi então, que acabei entrando na super banda Auxílio Luxuoso, onde fiquei por quase dez anos - conta.



O primeiro voo solo


Tocar ao lado de Lulu Santos por muito tempo preencheu todas as lacunas artisticas de Milton Guedes. Isso atrasou o processo de iniciação de uma carreira solo, que só veio em 1993, com o lançamento de um álbum homônimo pela BMG Brasil. Mesmo com sua estreia no mercado fonográfico, Guedes seguiu a banda de Lulu, até 1997. - Sempre foi bem difícil pra eu achar uma identidade própria no meio do meu ecletismo, ainda mais com influências tão marcantes como a do Lulu, por exemplo. Tanto que a gravadora propôs chamá-lo para produzir este primeiro trabalho. Sinto que podia ter exigido mais de mim. Devia ter proposto mais canções de minha escolha, mas era praticamente meu primeiro trabalho e eu estava nas nuvens com a possibilidade. Hoje mudaria a tonalidade de algumas canções. Algumas soam agudas demais, mas é um ótimo álbum - explica.


O hit Após sair de forma definitiva da banda de Lulu Santos, Milton aposta suas fichas no lançamento do álbum "Outra Pessoa", lançado em 1997 pela EMI. No segundo disco da sua carreira, o artista acerta em cheio com o lançamento de "Sonho de Uma Noite de Verão", que teve grande execução nas rádios. No entanto um problema com a gravadora prejudicou o projeto.

- “Sonho de Uma Noite de Verão” foi feita em homenagem à “Garota Nacional”, do Skank, de quem sempre fui fã. Claro que a gravadora escolheria a mais chiclete para ser o single, o que não foi ruim, pois a música estourou muito rápido nas rádios. Infelizmente a EMI do Brasil passava por uma intervenção da matriz inglesa e muitos projetos foram congelados. O meu foi um deles, no auge do sucesso crescente da minha música. Foi um choque, pois as gravadoras costumavam dar todo o suporte aos artistas nesta época. Acabei sem experiência em gerir minha própria carreira, por estar sempre em turnês de outros artistas, perdendo o timing deste lançamento. Foi bem difícil perder um álbum com tantas canções especiais pra mim - lamenta.


Sandy & Junior


No final da década de 1990, Milton Guedes iniciou sua parceria com Sandy & Júnior. Ele embalou o hit "Baby, Eu Já Sabia" no álbum "As Quatro Estações", de 1999, um dos mais vendidos da história da música brasileira. A dupla teen ainda gravou mais três músicas de Milton Guedes no álbum homônimo de 2001: "Cai a Chuva", "Baby Liga Pra Mim" e "A Gente Dá Certo". A parceria também seguiu para os palcos, já que o artista passou a integrar a banda dos irmãos e formou a banda SoulFunk com o Junior em 2004. Ele também esteve na turnê "Nossa História", que marcou o retorno da dupla em 2019. - Acabei compondo “Baby, Eu Já Sabia”, por encomenda para a dupla. O convite veio dos colegas Álvaro Socci e Claudio Matta que acabaram virando parceiros. Logo depois do sucesso desta música, me encomendaram mais canções e acabei compondo várias para a dupla. Como eu já havia gravado algumas vezes com Chitãozinho e Xororó, a aproximação com a dupla aconteceu quando Xororó me convidou para uma participação no final da turnê "Quatro Estações". Acabei fazendo parte de algumas turnês da dupla (...) Tocar com Sandy & Junior era uma aula de profissionalismo, da parte deles e da equipe. Foi uma experiência marcante e de muito aprendizado, além da amizade com pessoas especiais.



Retomada como cantor


Após muitas participações em projetos de outros artistas na década de 2000, em 2020, em meio a pandemia, Milton Guedes decidiu se dedicar integralmente às suas performances vocais. Em 2022, Milton lançou o EP Baladas de Amores Abalados, uma obra que trouxe canções como “Bem no Último Instante”, “Diz” e “Você Vai Lembrar de Mim”, que estouraram nas paradas e nas redes sociais.


Atualmente o multi-talento Milton Guedes viaja o Brasil com uma apresentação especial que tem o nome de “MILTON GUEDES MASHUP”, e é o primeiro show de mashups ao vivo do país. Uma experiência única que mistura músicas nacionais e internacionais de artistas como Tim Maia, Djavan, Michael Jackson e Stevie Wonder, criando uma atmosfera contagiante e inesquecível.


- O mashup não é uma emenda de duas músicas e sim duas músicas sobrepostas. Usando a base musical de uma e cantando outra por cima. Desenvolvi vários Mashups na SoulFunk que acabei levando para o meu show atual, que é o primeiro show de mashups no Brasil. São misturas inusitadas que deixam o público surpreso do começo ao fim e dançando muito. Imperdível! - convida.


O repertório que reforça o estilo musical versátil do cantor, mesclando artistas de diferentes gerações, atrai públicos de todas as idades, recebendo em seus espetáculos famílias inteiras. Além de animar as plateias cantando, em seus shows Milton apresenta algumas canções também tocando o seu companheiro de anos, o saxofone, proporcionando aos fãs momentos de nostalgia e emoção.


- O público que já acompanhava o meu trabalho apenas como instrumentista recebeu muito bem a minha carreira como cantor. É outra experiência! Criei uma conexão incrível com as pessoas, todo mundo canta, dança, se diverte. Toda vez que piso no palco é uma festa única! O mercado musical também me recebeu muito bem nessa nova fase, eu me apresento em cidades de todo o Brasil, vou em um ano, no ano seguinte eu volto. Acho que isso quer dizer que deu certo, né? As pessoas gostam e pedem de novo. Isso é muito especial - celebra o cantor.



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